sexta-feira, 16 de setembro de 2011


A arte de perguntar é mais importante do que a arte de responder. Aliás, a maneira como se pergunta pode produzir um autoritarismo das ideias, pois estabelece as diretrizes das respostas. Antes da busca das respostas, antes da produção de conhecimento, é necessário fazer não apenas algumas perguntas, mas múltiplas perguntas sobre os fenômenos que estamos observando e interpretando. Devemos ainda não apenas formular perguntas multifocais sobre os fenômenos e suas micro e macrorrelações, mas perguntas sobre as próprias perguntas, suas dimensões, seus limites e alcance. A função da arte da formulação das perguntas não é, inicialmente, fornecer respostas, pois as respostas são ditadoras das perguntas, mas expandir a dúvida. Quanto mais dúvida e confusão intelectual, mais profunda poderá ser a resposta, mais rica será a produção de conhecimento; quanto menos dúvida, mais pobre será a produção de conhecimento.


Os três grandes inimigos de um pensador são: as dificuldades de expandir a arte da pergunta e da crítica, a dificuldade de conviver com a dúvida e a ansiedade por produzir respostas. A fertilidade das ideias de um pensador não está na sua capacidade de produzir respostas, mas na sua intimidade com a arte da formulação das perguntas, a arte da dúvida, arte da crítica e do quanto procura e suporta a experiência do caos intelectual.

CURY, Augusto Jorge in Inteligência Multifocal

3 comentários:

Danilo Castro disse...

É um negócio doido e difícil, Fernando. Drummond arrancou da minha garganta esse punhado de palavras certas. Obrigado pelo comentário lá no blog. =]

Danilo Castro disse...

Li Cury há uns anos, mas desisti na metade do livro que se chamava "Nunca desista dos seus sonhos", com o passar do tempo, as letras da capa foram se apagando... Aí ficou escrito quase "...desista dos seus sonhos". Então parei de ler e dei o livro pra alguém. Bobo isso, né? Mas foi um medo místico barato que me acometeu. Até mais!

Jorge Pimenta disse...

a melhor resposta a uma pergunta é mesmo... outra pergunta. não foi assim que a dialética nasceu?
um abraço!